por Taís Lara*
“STOP
THE UMBIGATION!”
Apesar
do assustador silêncio da grande mídia, por todo canto se ouve o som de milhares
de jovens estudantes, professores e servidores em greve, falando e gritando
pela educação no Brasil.
A greve começou no corpo docente em 17 de maio com 33 IFES (Instituição Federal
de Ensino Superior) com as justas reivindicações por plano de carreira,
valorização do magistério, melhores condições de trabalho e hoje já arrasta 56
IFES, além de federais de educação básica, formando juntas o índice de 92% das
Instituições Federais de Ensino na greve!
A força desse movimento se deve também ao fato de que os estudantes entenderam
que uma valorização para os professores não é uma causa distante, mas uma condição para melhoria da educação como um
todo. Somam-se ao movimento, então, técnicos reivindicando melhorias salariais
e dignidade e estudantes endurecendo a luta contra os processos de
mercantilização do saber e a precarização da educação pública do nosso país.
Nesse contexto, de maior e mais forte greve da educação da última
década, surgem evidências inspiradoras para todos nós:
1. O poder de nossa resistência e lutas para as conquistas sociais
2. O poder da unidade do coletivo para efetividade das lutas
O primeiro destrói o mito da passividade do povo
brasileiro e das melhorias pela sorte ou benevolência da política institucional
vigente.
O segundo reergue a bandeira da união,
da soma, da cooperação em vez da disputa tão imposta por entre nós. Isso se
reflete na solidariedade dos estudantes aos professores, dos professores aos
servidores e da sociedade que nos apoia a cada ato público, a cada panfleto que
entregamos pelas ruas – como no caso da marcha da educação que se integrou à
Marcha dos Povos, levando 80 mil às ruas durante a Rio+20.
Em alerta aos setores mais elitizados e conservadores da Universidade (vulgo
pelegos-fura-greve), um grupo de estudantes da UFRJ fez ecoar uma palavra de
ordem que muito sintetiza esse aspecto com a frase Stop theumbigation!
Nos “finalmentes”, esse é o pensamento que nos faz vencer a lógica do “cada um
pelo seu diploma, suas férias, pelo seu sucesso, pela própria felicidade, pelo
seu umbigo”. Vemos que é possível, sim, termos uma sociedade mais fraterna e
justa e que vale a pena somar forças e fazer ecoar o nosso grito até que este
se concretize em mudanças reais.
Falamos em uníssono:
- Queremos que a nossa Universidade abra as portas para o jovem negro, para o trabalhador,
para o deficiente, para o pobre!
- Queremos um plano de educação que atenda às necessidades da sociedade (em
tecnologia, medicina, serviços públicos)apontando para justiça social, e não uma
educação reducionista e subserviente aos interesses dos poderosos sacerdotes de Mamon!
- Queremos a educação como ferramenta para liberdade e justiça social!
Stop the umbigation foi uma
maneira criativa de repetir o antigo ensinamento do apóstolo cristão:
“Cada um cuide
não somente os seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a
atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus (...)” (Carta de Paulo aos Filipenses – 2. 4 e 5)
*Taís Lara, estudante de Gestão Pública na UFRJ, "falante" de Nova Iguaçu, RJ (Rede Fale-RJ: redefale.rj@gmail.com).
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