terça-feira, 30 de março de 2010

Redes de jovens evangélicos promovem direitos para diminuição da desigualdade no país

Por Priscila Vieira*

Iniciativas de grupos de jovens ligados a diferentes tradições do meio evangélico brasileiro apontam para um movimento de reflexão e ação, que parte da fé, com o objetivo de transformar a sociedade. Pode-se citar como exemplos a participação de organizações evangélicas no Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), as campanhas de defesa de direitos da Rede FALE e ações como a "Carta Compromisso da RENAS-Jovem", elaborada durante o IV Encontro da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS), a Carta de Rio Bonito, elaborada pela Juventude Batista do Estado do Rio de Janeiro (Juberj), que repudiam a injustiça social no país e propõem ação e reflexão sobre cristianismo e realidade brasileira.

O processo de redemocratização do país pode ser apontado como um dos fatores que criaram condições favoráveis a essa eminente efervescência no meio evangélico. Contudo, possivelmente, a principal motivação para estes grupos juvenis buscarem na fé respostas transformadoras para a realidade é a observação direta do que está à volta. Ao andar pelas ruas de centros urbanos, basta um olhar atento para perceber a realidade que pesquisas e estatísticas revelam: o Brasil é um país marcado pela desigualdade e injustiça sociais.

O Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (Pnud) de 2007/ 2008 aponta que o território nacional abriga índices compatíveis com a Europa e, ao mesmo tempo, comparáveis a localidades consideradas como as de maior pobreza do planeta. Um dos indicadores que compõem o índice de educação, o analfabetismo, é ilustrativo. Neste quesito, o estado de Alagoas empata com o país africano de Madagascar que ocupa a 143ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por outro lado, a região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, possui a mais alta taxa de alfabetização do Brasil, 96,5% e, se fosse um país independente, apareceria no ranking à frente de Portugal.

Na paisagem urbana, a desigualdade é óbvia. Mas a injustiça social no país reflete-se também no campo. Enquanto poucos são proprietários de grandes extensões de terra, um grande número de famílias prosseguem sem espaço para implementação do cultivo de subsistência e para geração de renda. Segundo levantamento publicado pela Folha (Folha explica - A Reforma Agrária), entre os anos de 2002 e 2003, o número de famílias acampadas à espera de um lote cresceu de 60 para 200 mil. No mesmo período, as ocupações saltaram de 103 para 222 e os assassinatos ocorridos no contexto de conflito fundiário passaram de 20 para 42.

Não à toa, cerca de 80 líderes da Juberj divulgaram a Carta de Rio Bonito, cujo conteúdo inclui uma lista "Repudiamos" e outra "Nos comprometemos a". Na primeira, aparece em primeiro lugar "a desigualdade marcante no Brasil, porque fere os princípios do reino de Deus". A lista toca questões como corrupção, trabalho infantil e escravo, violência, meio ambiente, direitos constitucionais, individualismo, alienação causada pela distorção do próprio evangelho. Os compromissos incluem a oração, comportamento individual e coletivo ético, além de diversas formas de ação e luta tanto nas localidades e comunidades em que os jovens estão inseridos quanto nas questões políticas e sociais amplas. A carta encerra-se com a citação de Romanos, capítulo 14, versículo 17: "pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo".

De modo semelhante, a "Carta Compromisso" da RENAS-Jovem e as campanhas de defesa de direitos promovidas pela Rede FALE, remetem à necessidade de envolvimento da juventude evangélica com temas específicos. A primeira afirma a responsabilidade "da juventude como agente de mudanças e transformações sociais para a promoção da justiça, no combate a desigualdade econômica, social, de classe, raça e gênero", e se propõe a "participar das instâncias de decisão e formulação de políticas públicas de/para/com juventude" como meio para atingir estes fins. A Rede FALE, por sua vez, trabalha com ações ainda mais específicas, mobilizando campanhas de pressão popular para envio de cartões postais a autoridades, chamados "Cartões Ore & Envie", que informam, sugerem ações e motivos de oração sobre o tema tratado. Além disso, o cartão possui uma parte destacável que é uma carta endereçada a uma autoridade envolvida no tema da campanha.

A atuação de jovens evangélicos da Rede FALE em Marabá (PA)

Em 2009, a Rede FALE mobilizou pessoas e grupos de todo o país para orar e agir em prol da melhoria de condições de vida de cerca de 200 mil pessoas que moram na cidade de Marabá (PA) - na região norte do Brasil. Envolvidos há três anos em uma campanha por saneamento ambiental no país, os jovens da Rede FALE decidiram concentrar esforços para a melhoria de uma localidade. A cidade escolhida foi Marabá, e a campanha FALE por Saneamento Ambiental em Marabá foi lançada em janeiro, na própria cidade - simultaneamente ao Fórum Social Mundial Amazônico, realizado em Belém - com o intuito de impactar o município através de reuniões com as lideranças políticas e religiosas do local. Além de promover a solidariedade e união por uma causa específica, o objetivo da campanha foi sensibilizar os evangélicos para o contexto social e, assim, despertar outras mobilizações regionais.

Lobby e educação ambiental

Além dos cartões postais, a Rede promoveu atividades de conscientização, mídia, formação de grupos locais e pressão popular (lobby) com autoridades. Em março, membros da Rede FALE tiveram uma audiência com um dos senadores representantes do Estado do Pará no Congresso Nacional Brasileiro. Durante o encontro com a articuladora Nacional, Kharyna Monteiro, e com o coordenador de Campanha, Carlos Eduardo Fernandes, o senador Flecha Ribeiro assinou o cartão Ore&Envie e comprometeu-se a apoiar a luta por saneamento na cidade de Marabá.

"O senador firmou apoio à campanha e, em ato político, assinou um dos cartões que requer à Companhia Vale do Rio Doce investimentos em projetos de educação ambiental. Ele ainda se apresentou como mediador entre as entidades", disse Carlos Eduardo, apontando os resultados da audiência.

Fórum Social Mundial

A juventude evangélica marcou presença também no Fórum Social Mundial 2009, que ocorreu no final de janeiro, em Belém, estado do Pará. Jovens de todo o país ligados a entidades e igrejas evangélicas promoveram três mesas de debate e o Culto Público por Paz e Justiça. Entre os palestrantes estiveram a senadora Marina Silva, Dom Maurício Andrade, do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI), Pedro Strozemberg, secretário executivo do Instituto de Estudos da Religião (ISER), e o teólogo e filósofo Ariovaldo Ramos. As mesas abordaram os seguintes temas: juventude, fé e participação política; políticas públicas, organizações religiosas e defesa de direitos; e saneamento ambiental. Cerca de mil pessoas participaram dos quatro eventos evangélicos dentro do Fórum, que contou ainda com atividades evangelísticas de igrejas da cidade e jovens de outras regiões, como o grupo da Avalanche que permaneceu no acampamento para, segundo a liderança do movimento, "levar a paz de Cristo ao evento".

*Priscila Vieira e Souza é doutoranda em Comunicação e Cultura pela UFRJ, e coordenadora de Comunicação da Rede Fale

quinta-feira, 25 de março de 2010

Jovens urbanos do mundo se reúnem em Assembleia

A população urbana hoje representa mais da metade da população mundial e o mês de março será fundamental para o debate sobre a situação das cidades no mundo. Para este mês estão organizados o Fórum Social Urbano (FSU) e o Fórum Urbano Mundial (FUM), que acontecem no Rio de Janeiro de 22 a 26 de março.

Precedendo o Fórum Urbano Mundial acontece ainda a Assembleia Mundial da Juventude Urbana. A ideia é que a Assembleia, antigo Fórum Mundial da Juventude Urbana, além da troca de nome, mude também sua metodologia. Ao invés de um espaço apenas informativo, a reunião buscará ouvir os jovens para estar mais antenada às necessidades da juventude urbana do mundo todo. Os jovens se encontram três dias antes do início do Fórum principal, que acontece dos dias 22 a 26 de março. O tema do FUM este ano é O Direito à Cidade: Unindo o Urbano Dividido. A Assembleia será dividida em diversas sessões de diálogo com assuntos como Juventude e Violência em Contextos Urbanos, Igualdade de Oportunidades: Jovens e o Direito à Cidade e O Papel da Arte na Transformação Social.

Além de debater sobre o tema principal, os jovens vão eleger o Conselho Consultivo de Juventude da ONU-HABITAT. O resultado do encontro é uma declaração dos jovens que será levada ao fórum principal. Segundo a promotora do evento na ONU-HABITAT, Tatiana Sampaio, a organização espera cerca de 800 jovens este ano.

ONU realiza Fórum Urbano Mundial pela quinta vez
Estima-se que, em breve, dois terços das pessoas vivam em cidades no mundo inteiro. Os problemas acarretados por esse inchamento urbano são vários e antigos: as cidades não se mostraram prontas a receber tanta gente. Atenta a isso, a ONU organiza desde 2002 o Fórum Urbano Mundial. Este ano, ele será realizado pela quinta vez, estreando em um país da América Latina. O FUM acontece do dia 22 a 26 de março, no Rio de Janeiro, e traz na programação autoridades de todo o mundo, especialistas e teóricos. Serão realizadas mesas redondas de ministros, prefeitos e parlamentares, entre muitas outras. Os armazéns da Zona Portuária do Rio de Janeiro, onde o evento será realizado, devem receber cerca de 50 mil pessoas.

Fórum Social Urbano é realizado em paralelo com Fórum Urbano Mundial
Em paralelo ao Fórum Urbano Mundial, os movimentos sociais organizam o Fórum Social Urbano, também dos dias 22 a 26 de março, no Centro Cultural da Ação da Cidadania Contra a Fome, que fica na Avendia Barão de Tefé, 75, Saúde, Centro do Rio de Janeiro.

A convocatória oficial do Fórum promete que o evento irá “desvendar a verdadeira cidade que pretendem esconder atrás de muros e tapumes”. Segundo Gustavol Mehl, da ONG Justiça Global e responsável pela assessoria do evento, a necessidade de realização de outro fórum surgiu da dificuldade de participação efetiva da sociedade civil no fórum oficial. “Há limites de inscrições para sociedade civil e as atividades propostas têm de ser aprovadas para serem realizadas”, afirma Gustavo.

A ideia do FSU é, então, garantir a participação ativa da sociedade civil, organizada ou não. Até agora, a programação prevê painéis, mesas e debates, exposição de vídeos e manisfestações culturais. Mas o Fórum está aberto a receber propostas de atividades autogestionadas até o dia 7 de março. Muitos participantes já confirmados estão também na programação do Fórum Urbano Mundial, que será realizado a cerca de 300 metros do FSU.

A pequena distância entre eles permitirá, segundo Gustavo, que este fórum alternativo atraia participantes, possivelmente insatisfeitos com a falta de participação no FUM. Organizam também o evento alguns órgãos de universidades do Rio de Janeiro, como o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da UFRJ.

Na quinta feira, 25, está prevista uma plenária final, de onde sairá uma carta das resoluções do Fórum Social Urbano.

Fonte: Observatório de Favelas

Veja tambem:
+ Assembleia Mundial da Juventude Urbana – 22 a 26 de março
+ Fórum Social Urbano – 22 a 26 de
+ Fórum Urbano Mundial – 22 a 26 de março
+ Fórum Social Urbano discute democratização das cidades

Fórum Social Urbano discute democratização das cidades

Abertura do FSU é marcada por protesto em favor de cidades mais justas

Natasha Pitts *

As constantes demandas de organizações da sociedade civil por espaço para debater os problemas urbanos de suas cidades deu origem ao Fórum Social Urbano (FSU). O evento, que teve início ontem e segue até sexta-feira (26), no Centro Cultural da Ação da Cidadania Contra a Fome, zona portuária do Rio de Janeiro, tem como finalidade ceder espaço para que os participantes debatam a necessidade de uma reorganização urbana e a importância da participação da população nos processos que afetam as cidades. O evento acontece em paralelo ao Fórum Urbano Mundial, proposto pela Onu-Habitat.

"Foi uma decisão acertada organizar este espaço mais democrático. A partir de atividades que possibilitam a troca entre os participantes é possível debater problemas comuns em todas as cidades como falta de moradia ou acessibilidade", avalia Regina Ferreira, secretária executiva do Fórum Nacional de Reforma Urbana e membro da ONG Fase-Rio.

Regina acredita que o principal propósito do FSU, além da troca de conhecimentos, é mostrar a capacidade dos movimentos sociais de se organizar, de pautar e intervir nas decisões que afetam as cidades e, consequentemente, as populações.

"No Fórum Social Urbano serão debatidos assuntos como os Megaeventos que recebem grandes investimentos, geram transformações e muitas vezes não chegam à população que não tem acesso à cidade. No caso do Rio de Janeiro, temos a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. A sociedade civil provou que tem capacidade de organização e por isso quer construir a cidade com os governos", esclarece.

A segunda-feira (22), primeiro dia do FSU, foi marcada por um ato público no centro do Rio de Janeiro. Cerca de 500 participantes caminharam da Candelária até os armazéns da zona portuária, onde também está acontecendo o Fórum Urbano Mundial, para pedir aos seus governantes por cidades mais justas. Ao final da caminhada, apresentações de artistas de Santa Teresa protestaram contra a escassa participação popular no Fórum organizado pelas Nações Unidas.

Mesmo com as reivindicações contrárias ao Fórum Urbano Mundial [que acontece também durante as mesmas datas no Rio de Janeiro], Regina Ferreira explica que as atividades são paralelas, mas permitem a existência de um diálogo.

"O que as organizações da sociedade civil estão propondo com a realização do Fórum Social é igualdade, participação, intervenção e transformações que deem acesso a um conjunto de direitos, que nós estamos chamando de direito à cidade. No caso do Fórum Urbano Mundial as decisões estão sendo tomadas entre os governos e os empresários. O Fórum Social Urbano manda um recado: o de que a população também quer participar, intervir e decidir", diz.

Os debates do FSU estarão baseados em quatro eixos temáticos. Nesta terça-feira, as mesas de diálogo Criminalização da Pobreza e Violências Urbanas; Faxina Étnica e Guerra às Drogas e Militarização das Periferias terão como ponto de partida o eixo ‘Criminalização da Pobreza e Violências Urbanas‘. Também está previsto para hoje o lançamento da "Campanha pelo Fim da Guerra nas Periferias".

Até o final do Fórum, ainda são esperados cerca de 10 mil pessoas que poderão participar de palestras com especialistas, debates, oficinas, intervenções, atividades culturais e mesas de debate relacionadas aos eixos: Megaeventos e a Globalização das Cidades; Conflitos Socioambientais nas cidades e Justiça Ambiental; e Grandes Projetos Urbanos e Áreas Centrais e Portuárias.

Mais informações sobre o FSU em: http://forumsocialurbano.wordpress.com/

* Jornalista da Adital

Fonte: Adital

quarta-feira, 24 de março de 2010

Quase 900 milhões sem acesso a água potável

Reportagem originalmente publicada no site da Envolverde

Os objetivos traçados pela ONU há 10 anos estão longe de serem atingidos, mas o novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nota os avanços no que diz respeito ao acesso à água potável, com 87% da população com acesso hoje em dia a esse bem essencial.

Já quanto ao saneamento básico, a situação é bem diferente. "Vale a pena chamar a atenção sobre algo que é tão óbvio que quase dá vergonha dizer em 2010. Sem água potável e saneamento básico, não há nenhuma base de saúde pública que possa se desenvolver. Se não acabarmos com essa situação, nunca vamos arrancar esses povoados da pobreza", disse à agência Efe a diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, María Neira. "É preciso uma mudança cultural para que o saneamento seja considerado uma necessidade tão clara e tão óbvia como o é o acesso à água potável", acrescentou.

Um terço das pessoas que não têm acesso à água limpa vive na África Subsaariana, onde 40% da população sofre com essa situação. Por outro lado, metade das pessoas que ganharam acesso à água desde o começo dos anos 90 está na Índia e na China.

Apenas metade da população dos países em desenvolvimento tem uma casa de banho, uma latrina ou uma fossa sética de uso doméstico. Os maiores progressos nesse campo nos últimos anos foram registados no norte da África e em regiões do leste e do sudeste da Ásia. O hábito de defecar ao ar livre ainda é praticado por um sexto da humanidade.

Segundo os resultados do relatório, o mundo alcançará o objetivo do Desenvolvimento do Milênio de cortar pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável em 2015, mas fracassará em fazer o mesmo em relação aos serviços de saneamento. (Envolverde/Revista Fórum)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Senadores manifestam apoio à PEC da Juventude

Conselheiros de Juventude de todo o país visitam sessão do Senado para cobrar aprovação da Emenda Constitucional 42/2008

[Foto:]

Ao pedir a palavra pela ordem dos trabalhos, o senador Paulo Paim (PT-RS) saudou integrantes do Conselho Nacional da Juventude, que ocupavam as galerias do Senado. Paim disse que a chamada PEC da Juventude (Proposta de Emenda à Constituição 42/08), de autoria do deputado Sandes Júnior (PP-GO), será aprovada no Senado por unanimidade. A fala de Paim motivou outros 12 senadores a se manifestarem sobre o assunto, todos arrancando aplausos dos que estavam nas galerias.

Paim lembrou que a PEC foi aprovada na Câmara dos Deputados por unanimidade e está pronta para votação no Plenário do Senado. Ele cumprimentou o novo presidente do conselho, Danilo Moreira, e seu vice, João Vidal, ao mesmo tempo em que parabenizou Davi Barros, que deixou o cargo.

A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) lembrou que a PEC já foi aprovada, por unanimidade, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que lutará pela aprovação da PEC em um único dia, quebrando os interstícios regimentais para votá-la em dois turnos na mesma data. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), acatou de imediato a sugestão de Jucá, apoiada também pelo líder do PTB, senador Gim Argello (DF).

A aprovação da PEC da Juventude foi também apoiada pelos senadores Renato Casagrande (PSB-ES), Patrícia Saboya (PDT-CE), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Flávio Arns (PSDB-PR), José Nery (PSOL-PA), Jefferson Praia (PDT-AM), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Magno Malta (PR-ES).

Fonte:

Da Redação / Agência Senado

segunda-feira, 15 de março de 2010

Espaço de aprendizagem da Rede FALE


Atendendo a necessidade dos membros e grupos da Rede FALE, disponibilizamos o espaço de Aprendizagem da Rede FALE no PBworks.

Esse espaço é uma das ferramentas de formação nos temas com os quais a rede atua. Ele foi pensado para oferecer aos e às falantes de todo o Brasil um conjunto de textos, materiais, reflexões que possam empoderar os grupos e suas iniciativas locais. Ele coloca também à disposição dos grupos de todo o Brasil documentos que são referência para a Rede.

Flávio Conrado, coordenador de formação da Rede FALE, afirma que ter acesso online ao material da Rede FALE facilita bastante o trabalho dos articuladores e da coordenação da Rede na medida em que organiza as referências conceituais e estratégicas da Rede e democratiza as experiências ao longo desses anos.

CLIQUE AQUI e seja bem-vindo!

O QUE TEM NO ESPAÇO DE APRENDIZADO DA REDE FALE?
  • Recursos e links úteis para aprofundar sua formação e dos grupos locais nos temas destacados.
  • Indicação de oportunidades de formação a respeito dos aspectos teológicos, sociológicos e práticos relacionados à transformação social do Brasil.

O Que Você Precisa Fazer?

  • Faça seu perfil no PBWORKS e deixe algumas informações também no Você e a Rede FALE.
  • Explore os conteúdos, recursos e links sugeridos.
  • Utilize os recursos encontrados aqui na sua região ou grupo local. Há uma seção que reúne materiais úteis para seu trabalho de divulgação e formação (MULTIPLICADOR DE APRENDIZAGEM).
  • Qualquer dúvida não hesite em deixar um comentário e buscaremos ajudá-lo a utilizar ao máximo essa ferramenta de aprendizagem coletiva. Deixe uma mensagem na página da Coordenação de Formação.


sexta-feira, 12 de março de 2010

Conjuve elege diretoria para os próximos dois anos

Vice-presidente eleito declara apoio ao segmento religioso do Conselho

Por Marcus Vinícius Matos*

A 20º Reunião Ordinária do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) ocorreu em Brasília, entre os dias 8 e 9 de março de 2010, com a participação de conselheiros eleitos para o novo mandato (2010/2011) e conselheiros da gestão anterior (2008/2009). Durante a reunião foi eleita a mesa diretora, que ficou composta por Danilo Moreira, na presidência, e João Vidal, na vice-presidência. O primeiro atua no Conselho como representante do governo e o segundo, da União Geral dos Trabalhadores – UGT, representa a sociedade civil.

Criado em fevereiro de 2005, o Conjuve é um órgão consultivo da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ). Formado por representantes do governo e da sociedade civil, tem por objetivo assegurar que a Política Nacional de Juventude do Governo Federal seja conduzida por meio do reconhecimento de direitos e capacidades dos jovens e da ampliação da participação cidadã.

O pesquisador associado do ISER, Marcus Vinícius, que representou a Rede Fale no Conselho em 2009, observou que a eleição foi mais disputada no mandato anterior. “Na eleição passada, os candidatos à presidência eram da sociedade civil e então houve mais disputa, discussão e entusiasmo por parte dos conselheiros”. Já o conselheiro que representa a juventude católica através da Pastoral da Juventude (PJ), Edney Santos, avalia que “houve consenso entre os membros da sociedade civil, com avanço quanto à exposição dos pensamentos críticos e divergentes frente à apresentação da candidatura para a vice-presidência”.

Diversidade e igualdade
Com o intuito de abrir o diálogo com a nova diretoria, organizações religiosas que integram o Conjuve reuniram-se com o vice-presidente eleito, João Vidal. Ele afirmou que “o maior desafio para este ano é fazer uma representação que contemple os diversos grupos dentro do Conselho de maneira equitativa, justa, e conduzir as pautas colocadas pela sociedade civil. Além disso, outro desafio é levar o Conselho ao conhecimento do maior número de jovens brasileiros em todo o nosso território”.

João é católico e reconhece a importância do setor religioso no Conselho, além de declarar seu apoio às organizações deste segmento. “Estou muito próximo à pauta do Evangelho e do Amor. Às vezes é um desafio para as organizações religiosas se posicionarem nos temas mais polêmicos que atravessam a pauta do Conjuve, mas é necessário. Contem comigo”, afirmou.

Definições e agenda
Antes da eleição da nova diretoria, os conselheiros decidiram a divisão das quatro comissões que compõe o Conjuve: Comissão de Diálogo e Articulação com a Sociedade Civil, Comissão de Acompanhamento de Programas e Políticas de Juventude, Comissão de Comunicação e Comissão de Acompanhamento do Parlamento. Além disso, definiram a convocação da 3º Reunião Extraordinária para os dias 8 e 9 de abril, no intuito de estabelecer os grupos de trabalho do Conselho.

O conselheiro representante da Junta de Mocidade da Convenção Batista Brasileira (Jumoc), Sérgio Pimentel, estranhou a marcação dessas demandas antes mesmo da eleição da nova mesa diretora. Segundo ele, “os processos dentro do CONJUVE já estão bastante institucionalizados e quem está chegando leva um tempo para se adaptar”.
Os conselheiros das organizações religiosas que iniciam a representação neste mandato participaram do processo de eleição dos coordenadores de comissão e escolheram em quais terão assento em 2010.

Para a representante da Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), Morgana Boostel, o Conjuve “é um importante espaço de participação juvenil e de prática da Missão Integral, onde é possível articular uma série de coisas que já acontecem no movimento e são organizadas pelos estudantes na base, com uma agenda nacional de políticas públicas de juventude”. A representante da Rede Ecumênica de Juventude – REJU e reverenda da Igreja Anglicana, Tatiana Ribeiro, acredita que a participação no Conselho “é uma conquista diante dos trabalhos e da presença da REJU na juventude brasileira. O CONJUVE é um espaço onde podemos colocar na pauta a questão das intolerâncias religiosas e as desigualdades sociais que acometem a juventude, como o extermínio e a violência a que jovens são submetidos, questões centrais para a REJU”.

Nos últimos cinco anos, o Conjuve cumpre a função de assessorar a formulação de diretrizes da ação governamental e promover estudos e pesquisas acerca da realidade socioeconômica juvenil. Na última gestão, o Conselho se consolidou como importante espaço para a articulação das Políticas Públicas de Juventude no Brasil. Composto por 20 conselheiros representantes do poder público e 40 da sociedade civil, contempla a diversidade das organizações, movimentos, redes e fóruns da juventude brasileira.

* Marcus Vinícius é secretário executivo da Rede FALE e mestrando em Teorias jurídicas contemporâneas pela UFRJ


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quinta-feira, 4 de março de 2010

Semana Mundial de Oração Contra a Pobreza


Por Lenildo Medeiros


"A pobreza é uma injustiça – algo que não podemos ignorar". Pensando nisso, a organização humanitária cristã britânica Tearfund está convidando as igrejas brasileiras a participarem de um evento mundial de oração contra a pobreza. Durante uma semana, de 1 a 7 de março, milhares de cristãos ao redor do mundo estarão orando simultaneamente sobre este tema e pelas pessoas que sofrem por não terem casa, comida, saúde, educação, saneamento, enfim, que sentem na pele a dor da injustiça social. O lema da campanha é: "Uma Voz. Um Povo. Uma Oração".

O representante nacional da Tearfund para o Brasil, João Martinez da Cruz, orienta que a metodologia poderá incluir: 1. dedicar toda uma reunião ou culto para abordar temas de pobreza e justiça e orar sobre eles; 2. dedicar apenas uns 10 minutos para divulgar os materiais da Semana de Oração e motivar as pessoas a participarem (a Tearfund está disponibilizando recursos em português: Guia de orientações para organizadores, com sugestões bem criativas para conduzir um grupo em oração e histórias de transformação; Guia de oração, com textos bíblicos e comentários para cada dia da campanha; e uma lista especial com Pedidos de Oração); 3. sugerir que os grupos familiares ou os diferentes ministérios da sua igreja usem os materiais da Semana de Oração; 4. acrescentar o seu pedido de oração ao mural online de oração, enviando um email para onevoice@tearfund.org com o seu nome, o nome da sua igreja ou grupo e o da sua cidade.

A Lista de Pedidos de Oração relaciona e detalha os elevados alvos da campanha de oração da Tearfund, buscando combater injustiças que trazem consequências terríveis para a vida das pessoas e suas famílias. Veja alguns tópicos, mas não deixe de ler os pedidos específicos que cada um deles contém, baixando a lista na íntegra: "Orando sobre o impacto das mudanças climáticas; Orando sobre o impacto do HIV; Orando sobre questões de insegurança alimentar; Orando pelas crianças em situação de risco; Pedidos de oração pela República Democrática do Congo; Orando pela África Ocidental; Orando pela Ásia; Orando pela América Latina e Caribe; Orando pela África Meridional; Orando pela África Central e Oriental".

Leia o convite da Tearfund aos cristãos brasileiros para a semana de oração: "Levante a sua voz em oração e louvor ao nosso Deus de amor, esperança e transformação. Faça parte de um movimento mundial de pessoas que buscam a Deus – orando e agindo por justiça, misericórdia e um fim à pobreza. Março de 2010. Igrejas locais, igrejas em pequenos vilarejos, igrejas nos lares, pequenos grupos, indivíduos – a igreja em todo o mundo vai orar em uma só voz, de 1 a 7 de março. Faça com que a sua voz seja ouvida e faça parte deste movimento mundial de oração! Essa iniciativa cria uma oportunidade para nos conectarmos com o nosso Deus Todo-Poderoso e uns com os outros através da oração, ouvindo a Deus quando buscamos a justiça, a misericórdia e o fim da pobreza. A iniciativa "Uma Voz" nos leva a orar por mudanças e sermos um instrumento de mudanças. "Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração" - Atos 4:32."

E para não ficar apenas na semana e na campanha, a convocação da Tearfund se estende e amplia através da proposta de continuidade da oração no restante do ano e com o convite à mobilização e à ação direta nas comunidades: "Quando oramos, as coisas começam a mudar. A oração leva à ação. As nossas orações e ações não devem ser restritas a apenas uma semana. Como cristãos, elas devem ser uma parte integral das nossas vidas. Por causa disto, estamos convidando as pessoas a responderem a esta iniciativa: continuando a orar, participando em campanhas por justiça e, através das nossas próprias igrejas, fazendo a diferença em nossas comunidades locais", concluem os organizadores.

Fonte: Agência Soma

Leia também sobre a Semana de Oração:
+ Mais detalhes em português.
+ Mais detalhes em inglês, um clipe, o mapa e o mural de oração.
+ Site da campanha.
+ Lista de Pedidos de Oração

Alimentação é um direito

Por Marília Gonçalves

Está na Constituição: a alimentação é um direito social. Foi aprovada esse mês no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional 047/2003, que inclui a alimentação na lista dos direitos sociais garantidos pelo Estado brasileiro. Até então, eram direitos sociais educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.

A aprovação da PEC tira as políticas ligadas à alimentação da esfera de governo. Agora, garantir a alimentação saudável dos cidadãos brasileiros é uma responsabilidade do Estado. O presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato Maluf, lembra que governos de estados e municípios também passam a ter a responsabilidade de se adequar a políticas nacionais neste sentido, ainda que sejam de partidos da oposição.

A pesquisadora e conselheira do Consea, Daniela Frozi, lembra que o direito à alimentação não é só a garantia de um prato de comida, mas de uma comida produzida numa cadeia sustentável, de maneira ética com as pessoas e o meio ambiente. Daniela afirma que, no mundo capitalista, o alimento passa a ser também uma mercadoria e, portanto, torna-se legítimo que algumas pessoas não tenham acesso a ela, por não terem dinheiro para comprá-la.

Agora, como direito garantido constitucionalmente, a política de alimentação não pode ser entendida como assistencialista e a população que necessita do acesso facilitado ao alimento deve perder o estigma de “assistida”. “O estado tem de cumprir seu dever de tirar o cidadão do estado de risco”, afirma Daniela. A pesquisadora acredita que, no Brasil, criou-se uma imagem negativa do assistido por políticas públicas, o que causa constrangimento e dificulta que o direito seja cobrado.

Para o presidente do Conselho, o próximo passo é criar os instrumentos que tornem esse direito efetivo. “Os meios de exigibilidade deste direito têm de ser criados. Não adianta ter garantido um direito e não ter um meio onde ele possa ser exigido”, afirma o presidente. Desde 2006, vigora a lei n° 11.346, que criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). Até agora o Sistema, que seria uma espécie de SUS do direito à alimentação, não funciona efetivamente. Daniela acredita também que o próximo passo seja fazer funcionar esses mecanismos de exigibilidade. “Se acontece um acidente na rua, seja qual for a classe social da pessoa, ela será encaminhada a um hospital público. É um direito dela. É preciso entender a alimentação assim”, afirma Daniela.

Outra necessidade é comunicar a aprovação da PEC, para que os cidadãos conheçam este direito e possam identificar sua violação. A conselheira lamenta que na rede pública de ensino muitos não entendam a merenda escolar como um direito. Acham que é uma espécie de favor, que varia de acordo com a direção da escola. “Temos que divulgar esse direito até o último homem, a última mulher, a última criança nos confins do Brasil”, finaliza Daniela.

Fonte: Observatório das Favelas