terça-feira, 29 de setembro de 2015

Manifesto Evangélico Pró Indígena denuncia abusos


A violência contra povos indígenas se intensificou nos últimos tempos, sobretudo aos Guaranis-Kaiowás, no Mato Grosso do Sul.  Ante a essa situação, mais de  vinte organizações, igrejas e redes evangélicas, entre elas, a Rede FALE, assinaram um manifesto contra a violência a indígenas.

O  “Manifesto da Frente Evangélica Pró Indígena”, tem como finalidade mobilizar a igreja cristã evangélica para orar a fim de que todos os povos indígenas gozem de paz permanente e para que haja a demarcação e homologação de suas terras; e apoiar, manifestar solidariedade, pressionar através de ações de defesa de direitos os órgãos governamentais responsáveis pela causa indígena e usar de todos meios legais para fazer valer os direitos dos povos indígenas à terra que lhes pertence.

Nos últimos 12 anos cerca de 585 indígenas perpetraram suicídio e outros 390 foram  violentamente assassinados no Estado, afirma o manifesto.  Ainda conforme o documento, com a interrupção dos procedimentos de demarcações de terra, cerca de 45 mil Guaranis-Kaiowás continuam comprimidos em apenas 30 mil hectares de suas terras tradicionais.
Entre as reivindicações das organizações, está a não aceitação da PEC 215,  que transfere do Executivo para o Legislativo a competência sobre a demarcação de terras. Segundo o manifesto, seria algo como “dar à raposa a guarda do galinheiro”. Desde 2013, a Rede Fale tem se mobilizado contra esse projeto.


As organizações evangélicas promotoras do manifesto são as seguintes: Aliança Cristã Evangélica Brasileira, Tearfund, Ame a Verdade: Evangélicos contra a Corrupção, Visão Mundial, Instituto Solidare, Renas, ACEV, MEP, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Missão Aliança, Igreja Evangélica Congregacional de São Luís, ITEBAS – Instituto Teológico Basileia, Núcleo da FTL-B em São Luís, 2a. Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte, Ser Sustentável, Igreja Batista da Redenção de Belo Horizonte, Missão Emanuel, Rede Fale e ALEF (Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão).

Para ler e assinar o “Manifesto da Frente Evangélica Pró Indígena”, CLIQUE AQUI.

Seminário debate relação entre discursos religiosos e violência



Por Clara Cavalcanti
“Quero entender como posso abrir espaço, na minha comunidade de fé, para o diálogo sobre as questões de gênero, principalmente a respeito da violência doméstica. Percebo que existem poucas oportunidades para o debate e, também, certa dificuldade das próprias mulheres em reconhecer o lugar de submissão no qual são colocadas”. Este foi o motivo que levou o estudante de Ciências Sociais, Marco Aurélio Neves, 18 anos, a participar do “I Seminário Discurso Religioso e Violência Contra a Mulher”, uma iniciativa da Diaconia e do Coletivo Vozes Marias para promover a reflexão sobre a influência dos discursos religiosos na construção de práticas sociais de violência contra o sexo feminino. 

O evento, realizado na última quinta-feira (24), reuniu cerca de 50 participantes no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Durante a sua apresentação, o professor da PUC Minas, Adilson Schultz, destacou a importância de uma visão crítica sobre os textos bíblicos. “A Bíblia foi escrita para que a vida seja plena. Ao ler uma passagem, devemos nos perguntar se ela, de fato, garante vida plena aos envolvidos, se ela é justa. Também precisamos desmistificar aquela história de que religião não se discute. A reflexão faz falta nas nossas igrejas”, disse.

Na mesma linha, a professora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Lilian Guarani-Kaiowá Lira, destacou a necessidade não só das congregações, mas da própria sociedade em geral, ampliar os espaços de debate e reflexão sobre a equidade de gênero. “É preciso romper o silêncio e admitir que a violência contra a mulher existe, também, no espaço religioso. Temos que envolver as comunidades nesse debate e trabalhar a temática, desde cedo, com as crianças, para que possam entender e respeitar a diversidade da nossa sociedade”, afirmou.

A professora da Fundaj, Denise Botelho, apresentou o papel da mulher nas religiões de matriz africanas, ocupando lugar de destaque no sacerdócio, e destacou a importância de se “descolonizar práticas culturais hegemônicas, racistas e machistas”. “É preciso bom senso e educação para que a oportunidade do diálogo não seja, de cara, encerrada. Podemos achar brechas para discutir as questões de gênero em qualquer religião. A criação de seminários, rodas de conversas e outros espaços também são formas para repensar e discutir sobre algo que está posto”, observou.

O “I Seminário Discurso Religioso e Violência Contra a Mulher” contou com o apoio da Igreja da Suécia, Rede Fale Recife, UFPE, Núcleo de Discurso, Identidade e Pluralismo Religioso, Centro de Educação e Fundaj. 

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Publicado originalmente em http://www.diaconia.org.br/novosite/midia/int.php?id=953

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Menino Aylan e os povos indígenas no MS

Texto de Dom Juventino Kestering


Estamos acompanhando as chocantes realidades com os imigrantes refugiados na Europa e o conflito no Mato Grosso do Sul envolvendo os povos indígenas e fazendeiros.


Até os mais indiferentes ficaram chocados com rostos de homens, mulheres e crianças no grito de desespero à procura de vida mais digna, longe das atrocidades da guerra e da intolerância religiosa.

A imagem do menino Aylan Kurdi deitado, sem vida, na praia, clama os céus. “A morte da criança é o símbolo mais perverso do desespero de milhões de imigrantes e refugiados que fogem da violência e da miséria na África e no Oriente Médio. É a desumanidade humana, fruto de sistemas políticos e econômicos errados”.

Assistimos, também, o sofrimento dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul. Cenas de violência, mortes, ocupação militar. Tanto lá no Oriente Médio e na Europa como em Mato Grosso do Sul, o sofrimento maior é dos pequenos, dos pobres, das crianças.

Como igreja católica, fiel à missão de Jesus, não podemos ficar indiferentes diante da dor, injustiça, violência, atrocidade.

A diocese de Rondonópolis – Guiratinga conclama todos os católicos e, também, homens e mulheres de boa vontade, para neste final de semana, dias 5 e 6 de setembro viverem “um dia de solidariedade, de compromisso e de orações em favor dos imigrantes no Oriente Médio, Europa e em favor dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul”.

O sofrimento dos irmãos é o nosso sofrimento. “Eu estava com fome, era peregrino, estava na prisão, e tu me acolheste”. Sintamos a dor. Sejamos solidários, onde um irmão está sofrendo é Jesus quem sofre.

Menino Aylan Kurdi, não morreste em vão! Tua vida, teu sonho de criança ceifado vai ser semente de um mundo renovado. Que tua vida converta meu coração!


Povos indígenas do Mato Grosso do Sul, povos nativos, com nosso apoio e solidariedade teus filhos vão ver dias melhores e condições de vida digna.


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Texto de Dom Juventino Kestering - Bispo Diocesano Rondonópolis – Guiratinga
Retirado do site do Conselho Indigenista Missionário