segunda-feira, 12 de março de 2007

Histórico

Abril de 99 e um evento dois meses à frente. Alguns universitários cristãos planejam algo além de apenas “ir” a mais um polêmico encontro bienal da União Nacional de Estudantes. Marcava-se ali o cerne de uma caminhada não vislumbrada, mas fortemente enraizada no desejo de, com uma visão cristã, expressar-se contra a injustiça.

No mesmo período, tomava forma na Inglaterra uma rede de pessoas falando articuladamente a favor das causas sociais. Composto inicialmente por integrantes da UCCF (ABU inglesa), a rede “Speak” envolve atualmente mais de 8 mil pessoas, mobilizando-as em questões de injustiça em diversos setores da sociedade: do estímulo à oração ao envio de petições (em forma de cartões postais) endereçadas a figuras-chave nos setores público e empresarial, e de manifestações públicas pacíficas. Como cristãos que se importam com o país e com o mundo, participam do movimento pelo cancelamento da dívida externa (o “Jubileu”) e de atividades em prol da independência de Burma e do Timor Leste, denunciam a corrupção em empresas transnacionais, reclamam o cumprimento de acordos em favor do desarmamento mundial e conscientizam trabalhadores de países asiáticos sobre seus direitos.

Por ocasião da conferência missionária de Urbana, em dezembro de 2000, integrantes da ABU conheceram participantes da rede “Speak” e, percebendo a criatividade da idéia, começaram a alimentar o desejo de formar um movimento brasileiro, centralizado na reflexão sobre temas peculiares de nossa situação latino-americana.

Com o objetivo de desenvolver a reflexão da missão integral dentro da militância estudantil, outros estudantes deram mais um passo naquela jornada iniciada no encontro da UNE 99, promovendo uma participação mais estruturada no congresso da UNE 2001, em Goiânia. Através de palestras, distribuição de literatura e diálogo com estudantes, reafirmou-se o compromisso da ABU de mostrar a relevância da fé cristã genuína para a construção de um outro Brasil possível.

Em seguida, avaliando as experiências de 1999 e de 2001 e as possibilidades surgidas destas participações “pontuais”, nos perguntamos quais seriam as chances de iniciarmos uma ação contínua, coordenada, programática, preenchendo o vácuo de atividades de pressão social estratégica no meio cristão? O que fazer para conscientizar um número maior de pessoas sobre as questões de injustiça no Brasil e reunir gente num grito periódico pela implantação da ética em contextos específicos, de forma bem direta? Como facilitar às igrejas a inserção, em suas agendas, de uma reação mais prática à brutal desigualdade e injustiça patentes no país?

Desta santa inquietação nasceu o Fale.

Com o lema “Levante sua voz contra a injustiça”, o Fale surgiu com a vontade de contribuir para a articulação da expressão individual e coletiva dos cristãos em prol da paz e da justiça no país, causando impacto substantivo na opinião pública. A boa resposta aos contatos iniciais foi a palavra motivadora para estruturarmos um projeto, com temas, cronograma, orçamento, vias de ação e bases teóricas.

O objetivo do projeto? Simples assim: mais cristãos conscientes sobre a necessidade de refletir e orar sobre as circunstâncias nacionais, muita gente sabendo que pensamos a sociedade de forma séria e não escapista e, principalmente, mudanças ocorrendo a partir da nossa atuação através do cartões "Ore e Envie”.

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