sexta-feira, 20 de julho de 2012

Consumo Sustentável?

Perspectivas, contradições eco-capitalistas e decepções no último dia da Conferência Rio + 20

Richard Weaver*

Tradução: Rute Curvelo

É o último dia do seguimento de alto escalão na Rio+20 e, hoje, parece que as coisas estão fracassando um pouco entre os chefes de Estado e ministros. Em alguns casos, é o que tem transparecido até mesmo nos discursos de representantes civis que compõem as delegações de seus países.

Fato é que ninguém está esperando fogos de artifício na plenária final, quando os países finalmente decidirão sobre a possibilidade de aprovarem o texto documental. Sentado aqui, no centro de mídia, a sensação é de que nenhum dos jornalistas presentes está certo do que acontecerá hoje... Por outro lado, na maior parte das noites, ouviram-se o som de muitos fogos vindo das favelas, dos morros existentes ao redor do local em que tenho ficado nessas duas últimas semanas.

Muitos dos que permanecem aqui não estão na sala da plenária ou no centro de mídia, mas na enorme praça de alimentação – onde, ao menos, o super forte e excelente café brasileiro está permitindo que os que estão muito cansados permaneçam acordados seguindo em frente. Então, depois de eu mesmo tomar vários “expressos grandes”, tirei algumas fotos das diversas comidas e marcas presentes na conferência com o objetivo de salientar sua propaganda de sustentabilidade – e aqui estão elas, mais abaixo. Começando pelo topo, as fotos retratam uma grande cadeia de supermercados, um banco nacional do governo, a Coca Cola e, por fim, o principal fornecedor brasileiro de energia. O governo do Reino Unido e muitos outros têm justamente ressaltado a importância de envolver empresas e o setor privado nas discussões sobre sustentabilidade.
  
Aqui, em seu discurso para a plenária, Nick Clegg disse: “nós precisamos envolver mais as empresas. Um governo não pode agir sozinho. Há um crescente reconhecimento dentre as grandes companhias de que o uso sustentável de recursos é de seu próprio interesse. Por isso é tão importante que o Rio tenha reconhecido o papel dos relatórios de sustentabilidade das empresas. Há uma demanda do mercado por isso. Companhias têm buscado isso, investidores precisam saber, consumidores querem tomar suas decisões baseados em informações precisas, e isso deveria levar-nos a um eventual acordo global”.

Contudo, alguns diriam que, com a busca  por maior envolvimento das empresas e por um suporte vindo das mesmas, os governos permitiram a estas uma influência muito maior sobre o texto final do que as ONGs foram capazes de ter aqui no Rio...


*Richard Weaver é Assessor Sênior em Políticas Públicas da Tearfund

   

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