Perspectivas, contradições eco-capitalistas e decepções no último dia da Conferência Rio + 20
Richard Weaver*
Tradução: Rute Curvelo
É o último dia do seguimento de
alto escalão na Rio+20 e, hoje, parece que as coisas estão fracassando um pouco entre os chefes de Estado e ministros. Em alguns casos, é o que tem
transparecido até mesmo nos discursos de representantes civis que compõem as delegações
de seus países.
Fato é que ninguém está esperando
fogos de artifício na plenária final, quando os países finalmente decidirão
sobre a possibilidade de aprovarem o texto documental. Sentado aqui, no centro
de mídia, a sensação é de que nenhum dos jornalistas presentes está certo do
que acontecerá hoje... Por outro lado, na maior parte das noites, ouviram-se o
som de muitos fogos vindo das favelas, dos morros existentes ao redor do local
em que tenho ficado nessas duas últimas semanas.
Muitos dos que permanecem aqui não
estão na sala da plenária ou no centro de mídia, mas na enorme praça de
alimentação – onde, ao menos, o super forte e excelente café brasileiro está
permitindo que os que estão muito cansados permaneçam acordados seguindo em frente. Então ,
depois de eu mesmo tomar vários “expressos grandes”, tirei algumas fotos das
diversas comidas e marcas presentes na conferência com o objetivo de salientar
sua propaganda de sustentabilidade – e aqui estão elas, mais abaixo. Começando
pelo topo, as fotos retratam uma grande cadeia de supermercados, um banco
nacional do governo, a Coca Cola e, por fim, o principal fornecedor brasileiro
de energia. O governo do Reino Unido e muitos outros têm justamente ressaltado
a importância de envolver empresas e o setor privado nas discussões sobre
sustentabilidade.
Aqui, em seu discurso para a
plenária, Nick Clegg disse: “nós precisamos envolver mais as empresas. Um
governo não pode agir sozinho. Há um crescente reconhecimento dentre as grandes
companhias de que o uso sustentável de recursos é de seu próprio interesse. Por
isso é tão importante que o Rio tenha reconhecido o papel dos relatórios de
sustentabilidade das empresas. Há uma demanda do mercado por isso. Companhias
têm buscado isso, investidores precisam saber, consumidores querem tomar suas
decisões baseados em informações precisas, e isso deveria levar-nos a um
eventual acordo global”.
Contudo, alguns diriam que, com a
busca por maior envolvimento das
empresas e por um suporte vindo das mesmas, os governos permitiram a estas uma
influência muito maior sobre o texto final do que as ONGs foram capazes de ter
aqui no Rio...
*Richard Weaver é Assessor Sênior em Políticas Públicas da Tearfund
Fonte: Tearfund's Policy Blog
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