Devocionais da Rede FALE – Coordenação de Oração e Liturgia
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Mateus 6.28-33
Somos todos dias jogados de um lado para o outro para cumprir aquilo que achamos ser prioridade. Nessa roda viva, descobrimos que somos seres do desejo. Para alguns, os desejos são de realização profissional ou de reconhecimento acadêmico. Para outros, “muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”.
Há uma gama enorme de anseios, com incontáveis sonhos e vontades dentro de cada um de nós. Todos nos orientam para muito barulho, agitação e compromissos inadiáveis, tornando-se os motores que conduzem nossas agendas pessoais cotidianamente e acabam por nos escravizar. Henri Nouwen afirma que “estar atarefado tornou-se um símbolo de status. As pessoas esperam que estejamos ocupados e que tenhamos muitos assuntos na nossa mente” 1.
Essa disposição mental de estar preocupados em cultuar essa imagem que afetou nossa geração, continua Nouwen, é que “embora atarefados e preocupados com muitas coisas, raramente nos sentimos verdadeiramente realizados, em paz, ou em casa. Um sentimento corrosivo de não realização está sob a superfície das nossas vidas ocupadas. Refletindo um pouco mais sobre esta experiência de não realização, posso discernir diversos sentimentos. Os mais significativos são enfado, ressentimento e depressão” 2.
A evidente “ressaca da alma” de hoje, nada mais é do que o fruto colhido dos falsos sonhos do sistema que nos cerca. Foi corrompido todo desejo humano de satisfação e prazer pelo individualismo, cinismo e descompromisso com um mundo livre de toda opressão. Somos uma geração cansada, insatisfeita, vazia e que se entorpece com o consumismo para aplacar as suas dores existenciais. Consumimos amizades, sexo, carros, eletrônicos e até religião para esquecer toda a falência que somos como indivíduos e sociedade.
Qual o perigo de tudo isso? Esquecer do que realmente importa e qual deve ser o norte de nossas vidas. Fugir de si e da verdadeira razão de sermos humanos. Jogar para debaixo do tapete os sonhos frustrados do mundo e viver um “faz de conta”, onde tudo parece estar no devido lugar, mas com o objetivo de camuflar as dores que latejam no coração, sinal que denuncia nossa falência.
A proposta de Jesus é reorientar nossa caminhada e trazer luz para nossa busca do Reino de Deus e sua Justiça. É lançar toda ansiedade alienante fora e, no encontro pessoal e íntimo com o Criador, ter a consciência dirigida pelo Senhor, que nos leva a buscar a única coisa que interessa: o Reino de Deus e sua justiça.
Esse novo paradigma passa necessariamente pela experiência com Deus, que encharca-nos com o seu amor e ressignifica nossos sonhos e prioridades. É vê-Lo com os olhos marejados de filhos pródigos e abraçados por Ele. Contaminados pela Graça, fluirá de nós rios de água viva, que nos levam a promover a redenção do mundo através da solidariedade, justiça, santa indignação e misericórdia. Nós, outrora embrutecidos pelo mundo, somos libertos do encantamento do sistema pela Paixão de Cristo, que nos salva para sermos plenamente mulheres e homens, feituras dele para as boas obras.
O insistente e doce chamado do Mestre é:
Esqueça toda agitação e preocupação inventada por MAMOM. Entenda que há um Sustentador de todas as coisas e que assim como os passarinhos, deseja acolher você com o afeto maior que uma mãe tem por seu filho recém-nascido. Venha fazer parte do meu Reino que deseja revolucionar as estruturas desse mundo, trazendo esperança e reconciliação para uma humanidade fraturada.
Oração
Pai, ajuda-nos a não perder o foco do Teu Reino. Que Tu reines em nós, pois só assim poderemos manifestar tua vontade para a humanidade perdida. Sacia nossas reais necessidades e nos livre das mentiras que nos alienam de ti e de nós mesmos, em nome de Cristo, Amém!
Notas
1 Nouwen, Henri. Espaço para Deus. São Paulo: Editora Worship Produções.
2 Nouwen, Henri. Espaço para Deus. São Paulo: Editora Worship Produções.
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