Por Paulo Marins Gomes*
O natal está chegando e nesta época somos inundados pela presença daquele que é a estrela da festa. Ele, que é bondoso, poderoso e generoso, que comemoram e esperam sua chegada. Aquele que traz consigo o “espírito do natal” e q
ue dá sentido à esta data. O amado, louvado e adorado: PAPAI NOEL.
Toda a festa gira em torno da personalidade do Papai Noel. As ruas e casas ganham enfeites com suas cores. Nos supermercados, lojas e shoppings ouvem-se as suas músicas, “seus louvores”. E, a cada dia, a tradicional festa cristã vai se tornando um show de consumismo. O que era a comemoração pela vinda de Cristo acabou se transformando em mega evento: ótima oportunidade para alavancar as vendas, ganhar presentes, passear para ver as luzes, fomentar o turismo, arranjar emprego temporário e fazer beneficência coorporativa sob os holofotes da mídia.
Foi neste contexto que artistas de Curitiba deram um grito de “basta”.
Ao andar pelas ruas da cidade o curitibano pode ver um cartaz provocante estampando um Papai Noel na cruz. Obviamente não há identificação dos autores (em Curitiba é proibido fixar cartazes). Mas a mensagem está clara. Para quem não entende a crítica, ainda há a seguinte inscrição no alto da cruz “foi ele quem morreu por você?”.
Talvez devamos ser mais cuidadosos com nossa cultura e tenhamos que pensar criticamente nossas ações coletivas. Uma criança que gosta do Papai Noel não é culpada pela deturpação do natal, no entanto, quando se troca o menino da manjedoura pelo velhinho do trenó, acabamos coletivamente apagando uma memória. Para os pais é cômodo fazer a criança acreditar (“se não se comportar, Papai Noel não traz presente”), para as empresas é um ótimo e barato garoto propaganda. Para a prefeitura é uma fácil decoração, não precisa nenhuma originalidade, e o povo precisa mesmo de “pão e circo”. E assim acontece, quando todos utilizam a figura do bom velhinho em benefício próprio, acabamos criando um monstro que engole nossa cultura.
Não podemos saber se os artistas do Papai Noel crucificado são cristãos inconformados ou simplesmente artistas cansados da mesmice. Mas de uma coisa podemos ter certeza: a festa que historicamente foi marcada pela celebração dos valores cristãos (mais do que do próprio Cristo) tem sido suplantada pela cultura americana do consumo. Tem gente aqui se importando com isso. Será que o povo brasileiro ouvirá a voz que clama para preservar o verdadeiro sentido do natal?
* Paulo Marins Gomes é membro da Rede FALE Paraná.
Veja uma narrativa divertida do Natal, contado em cordel:
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