sábado, 30 de janeiro de 2010

Só os jovens podem livrar o Brasil de uma crise em 2030

25/01/2010

Por João Campos

Estudo inédito revela que só os jovens podem salvar o Brasil de uma iminente ruína econômica. Caso o país não adote políticas públicas para a formação adequada e a inclusão da população de 15 a 24 anos no mercado de trabalho nas próximas duas décadas, o Estado não vai suportar a carga de despesas com os idosos. O alerta é um dos apontamentos feitos no livro A Juventude Brasileira em um Contexto Atual e em um Cenário Futuro, que reúne pesquisas de diversas universidades públicas e órgãos do governo federal, lançado nesta última sexta-feira, 22 de janeiro, na UnB.

A lógica da projeção se baseia no fato de que, até 2030, haverá uma redução de 18,3% no número de jovens brasileiros, população, hoje, na casa dos 37 milhões. “Isso significa o envelhecimento da população e o aumento das despesas com os inativos. Em outras palavras, proporcionalmente, teremos menos pessoas trabalhando para movimentar a economia e mais aposentados a serem pagos pelo Estado”, comenta Glauco Umbelino, do Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional de Minas Geras (Cedeplar).

O especialista ressalta que, hoje, o Brasil se encontra no auge da sua força de trabalho. A população ativa nunca foi tão alta, o que impulsiona a economia do país. No entanto, ele alerta para a necessidade de se preparar para combater a queda na produtividade por conta da diminuição na taxa de fecundidade – número de nascimentos – registrada desde a década de 1960. “Com menos pessoas trabalhando, a saída vai ser substituir a quantidade pela qualidade”, comenta Rosemary Barber-Madden, doutora em Administração Pública e pesquisadora associada da UnB.

A estudiosa, idealizadora da publicação que tem com objetivo embasar futuras políticas públicas para a juventude brasileira, ressalta que deve haver um leve aumento no número de ativos entre 2006 e 2030 – de 53 milhões para 55,6 milhões. No entanto, estudos apontam que a participação dos jovens no mercado de trabalho deve cair de 21,5% para 14,3% no mesmo período. “Em partes, isso se deve à queda na população jovem. Mas também à falta de políticas de inclusão deles no mercado, que ainda hoje encontram dificuldades para encontrar emprego”, completa.

PONTOS POSITIVOS – Na área da educação, o livro mostra que as grandes cidades brasileiras podem, praticamente, erradicar o analfabetismo até 2030. “Se as taxas de redução do analfabetismo registradas entre 1996 e 2006 se mantiverem, o número de pessoas que não sabem ler e escrever, entre 15 e 24 anos, cairá para 0,18%, praticamente nulo”, comenta a representante do Fundo de População das Nações Unidas, Taís Santos. A projeção otimista significa 119 mil jovens analfabetos a menos.

O acesso aos serviços de saúde também devem ser ampliados nas próximas duas décadas. No entanto, a pesquisa alerta que o número de mortalidade (mortes) e morbidade (doenças) entre jovens pode aumentar. “As melhorias – mais educação e mais saúde - implicam em um aumento geral no poder de compras que, por sua vez, leva a mais acidentes de trânsito e uso de drogas, umas das principais causas de mortes entre jovens”, observa Glauco, que destaca a necessidade de uma mudança comportamental entre os mais novos.

A população jovem mundial nunca foi tão alta. Ao todo, 1,2 bilhões de pessoas têm entre 15 e 24 anos no planeta Terra. No entanto, 208 milhões de jovens ainda vivem com menos de US$ 1 por dia. E 511 milhões não contam com mais de US$ 2 para viver diariamente. Na opinião do secretário nacional de Juventude, Beto Cury, o livro lançado na UnB representa um importante complemento às ações de valorização da juventude. “É preciso que o tema se torne efetivamente uma política de Estado. Para que os jovens sejam o futuro do país é preciso cuidar do presente”.

Fonte: Jornal da Imprensa

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