segunda-feira, 4 de junho de 2007
G-8, atos públicos e bebês de colo
Elter Nehemias Barbosa*
Estive no último sábado 02/06/07 em Rostock, na costa alemã do Mar Báltico, observando as demonstrações realizadas por ocasião da reunião dos líderes do G-8 em Heiligendamm (o G8 é integrado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá e Rússia. A reunião deste fim de semana conta também com a participação de cinco países emergentes: Brasil, China, México, Índia e África do
Sul).
Foi uma grande passeata durante o dia, sob chuva leve e vento frio de cortar o osso, que envolveu 50 mil pessoas (média entre estimativa das polícias e dos organizadores). Várias correntes de pensamento se reuniram para mais uma ação de massa em prol, grosso modo, da globalização justa e inclusiva.
No amplo espectro de opiniões representadas, houve lugar para povos sem direito a território, movimentos ambientalistas, organizações de auxilio em situações de emergência, entidades de proteção a migrantes, associações de apoio social de cunho religioso, cantores indie e grupos políticos diversos, além dos simpatizantes de baixa
especificidade (no puro estilo "Ich bin dagegen", "sou contra").
Vez por outra, alguns oportunistas se fizeram perceber, trazendo tensão a atos públicos que seriam de outra forma completamente pacíficos. Presença da polizei alemã no local dos protestos foi intensa, com pessoal preparado em diferentes níveis para controle de
distúrbios. Se por um lado era nítida a tendência confrontadora de alguns manifestantes, por outro lado a própria ostensividade do aparato policial pode ter contribuído para estimular a agressividade de alguns, gerando, ao final, feridos e danos materiais de baixa monta.
Numa nota lúdica, foi agradável ouvir um grupo de samba tocado por alemães (ritmo certo, movimento corporal ausente) e, impressionante, ver várias famílias conduzindo bebes de colo na manifestação. Ativista bom é ativista que começa cedo? De qualquer forma, contribuiu para dar tom pacífico a setores da passeata.
As atividades do encontro alternativo ao G-8 continuam nessa semana, e devem incluir uma tentativa (autorizada pelo poder público, por sinal) de bloqueio ao aeroporto local, além de ações menores contra a militarização e a guerra, em prol de agricultores e em favor de migrantes.
A atmosfera foi mais ou menos a mesma de uma passeata de abertura do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, por exemplo. Como em toda manifestação pública internacional, é difícil diferenciar A de B, saber quais as soluções por C ou D e entender os passos de E ou F. Como em todo ato cívico de massa, a base é que algum barulho precisa ser feito por A+B+C+D+E+F para estimular reflexões posteriores na sociedade em geral e no segmento político em particular.
* Elter Nehemias Barbosa é coordenador de Parcerias Institucionais do FALE
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