terça-feira, 21 de setembro de 2010

Políticas públicas... de juventude?

Caio Marçal



Para alguns, falar em política é um papo “sinistro”. Talvez piore quando somos incentivados a participar dela! Mas vamos pensar um pouco sobre a realidade da juventude brasileira e a relação com nossa responsabilidade cristã.

Somos mais de 50 milhões de pessoas, mas apenas 20% possuem algum tipo de ocupação. São poucos os que têm acesso à educação de qualidade e apenas uma pequena parcela é premiada com a entrada numa universidade. O jovem brasileiro sofre com a violência e ainda há um enorme fosso que divide as diferentes juventudes, fruto da desigualdade social. Nesse quadro cinzento, é fácil chegar ao resultado dessa equação social: exclusão, miséria, falta de perspectiva e, em alguns casos, marginalidade.

Em 2005 foi criado o Conselho Nacional de Juventude -- CONJUVE. Mas por que participar? Não seria uma tarefa para “políticos profissionais”? Talvez sejam essas as perguntas que estão fervendo em nossos miolos evangélicos.

Nosso chamado para viver a fé passa pelo envolvimento nas questões que desafiam nossa geração. Em sua encarnação, Jesus mostra sua preocupação com a condição dos excluídos e com o resgate da dignidade das pessoas. Em “Ouça o Espírito, Ouça o Mundo” (ABU Editora), John Stott afirma que “ele participou profundamente de nossa condição de seres humanos. Nunca se afastou das pessoas que se esperaria que ele evitasse. Foi amigo dos marginalizados e até mesmo tocou os intocáveis. Não poderia ter sido mais igual a nós. Foi a total identificação de amor”.

Cremos que a fé evangélica, antes de ser protestante, é uma fé de propostas. Propomos o reino de Deus e sua justiça. Afirmamos o valor da vida como eixo maior de nossa proclamação. Nossa missão aponta que todo jovem, independente de sua condição, é precioso por estampar em sua vida a imagem e semelhança do criador.

A experiência de representar a Rede Fale no CONJUVE nos ensinou a ouvir os clamores da juventude em suas mais diversas faces. Num espaço onde diálogo é a palavra-chave, aprendemos o quanto é salutar compreender as demandas colocadas em pauta. Nosso desafio presente é vencer a tentação de ocupar esses espaços olhando para o próprio umbigo e ter a humildade de escutar, sempre movidos pelo amor que sentimos por nossa gente.

Devemos ser os mais interessados na qualidade de vida dos jovens e propor alternativas que curem a nossa sociedade. Jesus convoca-nos a servir e dar a vida. Que essa seja nossa agenda para mudar a realidade que nos desafia.

• Caio Marçal, cearense, é secretário de mobilização da Rede Fale e Missionário da Igreja de Cristo de Frecheirinha/CE

3 comentários:

George Facundo disse...

Bem, já comentei este texto no seu blog Caio e, volto a repetir, achei excelente! Que muita gente possa ter acesso a ele e ter percepção de novas possibilidades de ações efetivas para a transformação do país...

George Facundo disse...

Imprtante as iniciativas do FALE. Espero que depois da reunião da semana passada as articulaçoes do fale aqui em Fortaleza sejam mais consolidadas...

Camila Rodrigues disse...

Oiii - gostaria de saber como me envolver com a REDE FALE - SP . Por favor me add no msn para conversarmos camila-jornalista@hotmail.com

bjs