Na primeira semana de setembro de 2014, pela força da coalizão de diversas organizações, igrejas e movimentos sociais no pais, foi organizado o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva
e Soberana do Sistema Política. A Rede FALE participou de todo esse processo. Segue o relato de um falante de Uberaba, o Renan Porto.
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Dentre
as diversas pautas que borbulharam nas manifestações de junho de 2013 nas ruas
do Brasil, o clamor pela reforma política foi muito presente. Mas, para além
deste clamor explícito, as manifestações em si eram uma demonstração da
necessidade de mudança do sistema político. A multidão que tomava as ruas era
uma forte expressão de que os aparelhos representativos do Estado já não estão
funcionando, e um sintoma claro disso é como o mesmo responde ao povo nas ruas
com violência e repressão.
De
lá até aqui surgiram diversas iniciativas e práticas de coletivos, redes,
movimentos sociais, que mostraram outra forma mais bonita de se fazer política,
com mais cara de povo e jeito de rua. Umas dessas iniciativas foi o Plebiscito
Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, que
conseguiu unir mais de 450 entidades na luta pela reforma política, criando
mais de 1700 comitês locais espalhados por todos os estados brasileiros,
fazendo fortes mobilizações e finalmente sendo realizado na semana da pátria,
nos dias 1 a 7 de setembro.
Este
Plebiscito foi uma consulta popular feita à população perguntando se ela era a
favor ou não de uma constituinte exclusiva e soberana para fazer a reforma
política. As votações se deram nas urnas que foram organizadas pelos comitês
locais e também pela internet. Agora a campanha está na fase de apuração das
urnas, mas, já foi informado que pela internet mais de 1,7 milhão de pessoas
votaram, sendo 97% dos votos favoráveis.
A
experiência de ter participado dessa campanha foi muito rica. Ajudei a formar o
comitê local em Uberaba-MG e também dei uma força na formação do comitê de
Jequié-BA. Pude conhecer gente de diversos movimentos sociais e outras
organizações através de encontros nacionais e locais. Foi uma ótima oportunidade
de ir para as ruas dialogar com a população sobre a política e ver claramente a
insatisfação do povo com os nossos representantes e o desejo pela reforma
política.
Pude
perceber a forte participação dos católicos na construção do Plebiscito, como a
da Dona Ilma em Uberaba, que tive o enorme prazer de conhecer; mesmo já idosa,
ela estava sempre presente nos encontros e era super participativa. Ela era uma
bonita demonstração de uma espiritualidade cristã engajada na luta por justiça
e pela transformação da sociedade.
Mas,
a luta pela reforma política não termina com o Plebiscito. E existem
organizações evangélicas comprometidas com essa luta, como a Rede Fale. Como
cristãos comprometidos com a justiça, precisamos mobilizar nossas comunidades
para se envolver na luta por um sistema político mais justo, que represente
mais os interesses do povo e, mais que isso, que permita a participação popular
no governo de suas cidades e suas vidas. Só assim poderemos realmente combater
as injustiças que são causadas quando uns poucos usam da coisa pública para os
seus interesses próprios.
Deixo
a reflexão do texto bíblico do profeta Isaías e que ele nos sirva de
inspiração:
“Porventura
não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que
desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces
todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e
recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não
te escondas da tua carne? Então
romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua
justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então
clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se
tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente;”
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