Nós,
cristãos evangélicos do grupo da Rede Fale e da Aliança Bíblica de Profissionais de Belo Horizonte, estamos muito atentos ao
atual momento que tem mobilizado milhares de cidadãos em nossa cidade. Há uma
evidente descontentamento no seio de parte da sociedade civil brasileira ante a
problemas como a falta de mobilidade
urbana, custo do transporte público ou dos males da corrupção em diversos
níveis da política brasileira, por exemplo.
Não podemos
deixar de registrar que bandeiras como essas são extremamente justas e
necessárias. Nosso país ainda não conseguiu superar problemas estruturais ou
vícios no âmbito dos poderes públicos. Celebramos profundamente ver jovens
preocupados com os problemas da coletividade. Como cristãos, unimos nossas vozes em favor da Justiça,
valor essencial do Evangelho de Jesus. Porém é preciso lembrar que mais do que
ir as ruas, é primordial qualificar com maior profundidade o debate sendo
propositivo. Embora seja válido dizer que se é contra a corrupção, por exemplo,
é preciso se apropriar de discussões como reforma política e fortalecimento de
mecanismos de transparência pública. Esperamos que esse novo momento inspire a
todos a ter maior envolvimento e acúmulo
sobre as pautas da cidade a posteriori. Tais pautas inclusive já mobilizam
movimentos e organizações sociais em Belo Horizonte.
É com pesar
que vemos atos de violência em alguns manifestos. Pedimos encarecidamente que a
polícia e manifestantes tenham zelo quanto a construção de uma cultura de paz.
Não cabe à PM reprimir atos públicos com força desmedida e nem a alguns
manifestantes agir de forma semelhante. Devemos compreender que a construção da
paz não é tarefa exclusiva das autoridades públicas, mas uma via de mão dupla
que deve comprometer a todos nós. O papel dos órgãos de segurança pública é de
proteger e de garantir o direito de livre manifestação que acontece de modo
pacífico. É notório verificar que, quando não houve uma postura belicosa em
manifestações, não houve sequer um distúrbio -- a exemplo do último sábado, dia
15/6. É a autoridade pública a primeira que deveria dar o exemplo e agir modo
condizente com sua função de trazer bem estar social.
Lamentamos o
fato de que desde o início o Poder Judiciário de Minas Gerais tenha determinado
a proibição das manifestações, ferindo assim as garantias da Constituição
Federal. Tal decisão é em si um ato de violência.
Não
obstante, salientamos que, embora não se possa classificar a grande maioria das
pessoas de "vândalos", alguns passaram da medida ao agir de forma
violenta. É fraudulenta a manipulação de
alguns grupos da mídia local que tentam criminalizar a todos. Essa atitude
impensada, que não reflete a postura da maioria, não pode ser aceita. Quem
agride se coloca em igual condição de quem o agrediu. Não se pode aceitar as
lógicas da violência, pois na medida em que a aceitamos, estamos validando-a.
Ademais, ao agir assim, põe-se em risco a vida de quem se manifesta de modo
pacífico, que é a esmagadora maioria. Conclamamos a todos que exerçam seus
direitos de livre expressão e que, ao fazê-lo, usem o bom senso e cultivem o
cuidado com a a integridade física de todos, assim como desejamos que o
tratamento do Estado seja respeitoso e garanta o direito legítimo de protesto.
Unimo-nos com outros coletivos e movimentos sociais no esforço na promoção da
paz e da não violência.
Como
seguidores de Jesus, proclamamos que o
pacifismo é o único caminho viável para um mundo mais justo e no reconhecimento
que somos irmãs e irmãos.
Nossa oração
é que todos, responsáveis pela paz na cidade, procedamos com cordialidade e
respeito pela sacralidade da dignidade humana
e que a "justiça corra como rio" Amós 5:24.
Em Cristo,
O Príncipe da
Paz
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